Saiba mais sobre o que a Base Nacional Comum Curricular propõe para a alfabetização e o multiletramento
Com base nos princípios educativos da BNCC (éticos, políticos e estéticos), dentre as inúmeras proposições da BNCC, destacamos o seu olhar atento, especialmente, aos dois primeiros anos do Ensino Fundamental I, dessa etapa.
A ação pedagógica, nesse período, segundo a BNCC, deve ter como foco a alfabetização, com o objetivo de garantir as condições necessárias para que os alunos se apropriem do sistema da escrita alfabética articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita, por meio de práticas diversificadas de letramento. É necessário reconhecer, que tais práticas devem garantir a integração e a continuidade dos processos de aprendizagens das crianças e dar prosseguimento às situações lúdicas e às experiências vividas na Educação Infantil, respeitando suas singularidades e suas relações com o conhecimento, baseando-se no que elas sabem e são capazes de fazer.
Além disso, ampliar essas ações, prevendo a progressiva sistematização dessas experiências, o desenvolvimento dos alunos e suas relações com o mundo, “o desenvolvimento da oralidade e dos processos de percepção, compreensão e representação, elementos importantes para a apropriação do sistema de escrita alfabética e de outros sistemas de representação, como os signos matemáticos, os registros artísticos, midiáticos e científicos e as formas de representação do tempo e do espaço” (…) Como também, “uma variedade de situações que envolvem conceitos e fazeres científicos, desenvolvendo observações, análises, argumentações e potencializando descobertas”. (BNCC, 2018, p. 56).
Se os professores já demonstravam preocupação com a alfabetização no ensino presencial, tão ou mais apreensivos passaram a ficar com a pandemia.
Porém, como já foi comentado anteriormente, o ensino remoto tem trazido diferentes possibilidades para o professor trabalhar a alfabetização fazendo uso dos diferentes textos multimodais e ferramentas digitais que tornam suas ações muito mais próximas do universo da criança.
Essa criança possui um pensamento não-linear, conseguindo acessar, ao mesmo tempo, informações em diversos canais, como: jogos e brincadeiras digitais ou não, vídeos, realidade virtual e aumentada, TV etc.
Considerando, também, que ela está fazendo a transição da Educação Infantil para os anos iniciais do Ensino Fundamental I, além da sua curiosidade nata, ela gosta de colocar a mão na massa, demonstrando que possui maior facilidade em aprender, por meio da ludicidade.
Os jogos, brinquedos e brincadeiras que sempre estiveram presentes nas ações educativas da Educação Infantil, devem permanecer ao longo do Ensino Fundamental, especialmente, na fase inicial da aquisição da leitura e da escrita.
E essa ludicidade não diz respeito somente às novas tecnologias digitais, as quais ela tem acesso, mas aos jogos brinquedos e brincadeiras físicos porque ela aprecia a educação híbrida (online e offline), fundamentada na vivência de situações do cotidiano.
Para ensinar a criança a ler e a escrever na era digital o professor conta com a multimodalidade, que segundo Rojo e Moura (2019) compõe um conjunto de signos de outras modalidades de linguagem (imagem estática, imagem em movimento, som, fala) que o cercam, ou intercalam ou impregnam.
A Multimodalidade (textos multissemióticos) extrapola os limites dos ambientes digitais e invadiu, hoje, também os impressos (jornais, revistas, livros didáticos).
Para deixar ainda mais claro, textos multissemióticos ou multimodais se realizam por mais de um código ou materialidade expressiva, como a palavra, imagem, movimento, gesto, entonação, som, plano, profundidade, enquadramento, cor montagem, ritmo, etc.
Como afirma a BNCC, “não se trata de deixar de privilegiar o escrito/impresso nem de deixar de considerar gêneros e práticas consagrados pela escola, tais como notícia, reportagem, entrevista, artigo de opinião, charge, tirinha, crônica, conto, verbete de enciclopédia, artigo de divulgação científica etc., próprios do letramento da letra e do impresso, mas de contemplar também os novos letramentos, essencialmente digitais” (BNCC, 2018, p. 30.).
Textos esses, que podem ser explorados de forma digital utilizando-se das mais diversas ferramentas digitais disponíveis na internet, como plataformas para criação de áudios, textos, imagens em movimento, quiz, etc.
A BNCC define que sejam analisadas as diferentes formas de manifestação da compreensão ativa (réplica ativa) dos textos que circulam nas redes sociais, blogs/microblog, sites e afins e os gêneros que conformam essas práticas de linguagem, como: comentário, carta de leitor, post em rede social, gif, meme, fanfic, vlogs variados, political remix, charge digital, paródias de diferentes tipos, vídeos-minuto, e-zine, fanzine, fanvídeo, vidding, gameplay, walkthroug, detonado, machinima, trailer honesto, playlists comentadas de diferentes tipos etc., de forma a ampliar a compreensão de textos que pertencem a esses gêneros e a possibilitar uma participação mais qualificada do ponto de vista ético, estético e político nas práticas de linguagem da cultura digital (BNCC, 2018, p. 33).
O ensino remoto está ampliando a prática pedagógica do professor, possibilitando que trabalhe com o multiletramento, fazendo uso dos textos multimodais ou multissemióticos, digitais ou impressos, que incluem procedimentos (como gestos para ler, por exemplo) e capacidades de leitura e produção que vão muito além da compreensão e produção de textos escritos, pois incorporam a leitura e (re)produção de imagens e fotos, diagramas, gráficos e infográficos, vídeos, áudio etc.
Essa prática será cada vez mais expandida porque fará parte da rotina do professor na escola e terá relevância no momento da elaboração do planejamento, na ocasião do retorno às aulas presenciais.
A pandemia trouxe desconforto e muitos outros pontos negativos, porém além de mostrar o quanto podemos estar próximos das pessoas mesmo estando separados, possibilitou tomadas de decisões e atitudes em relação à vida pessoal e profissional, que sem ela não ocorreriam.
Denise Monteiro
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